Quando as pedras das construções de Jerusalém refletem a luz do entardecer, a cidade tinge-se de dourado. Quem a vislumbra assim não esquece jamais, tal qual anunciou o relato bíblico há 3 mil anos. Localizada na confluência de três continentes – Ásia, África e Europa –, a Cidade Santa tem sido palco de disputas há muitos séculos. Dentro dos muros que separam Jerusalém Velha e Santa da moderna capital de Israel, viver é uma experiência tão profunda quanto a fé de seus habitantes.
Promessa de Paz
Fundada pelo rei Davi em
Fernanda Santos
Jerusalém a cidade de Davi, fundada há mais de três mil anos, esteve bastante tempo representada no mapa em lugar de destaque. Na maioria desses mapas apresentavam o mesmo caráter religioso, além de imagens e passagens na Bíblia.
Os cartógrafos da Idade Média projetavam os mapas T-O (o O era representado por um círculo e o T em seu interior). Nesse mapa-múndi tinha como característica a descrição do Gênesis da divisão do mundo entre os três filhos de Noé, - daí o surgimento dos três continentes: a Europa, a Ásia e a África. Os mapas “padrões” - os de Ocosius, de Isidoro e de Beatus – foram produzidos na atual Espanha – onde a fé cristã e a lei visigoda perpetuaram a sub-cultura romana. Há quem arrisque uma influência do modelo cartográfico circular romano ao mapa-múndi de Isidoro.
Como já foi dito, os mapa-múndi tinham como caráter religioso, seu principal objetivo didático e evangelizador. Como no caso de Hereford, que não se importou no fator geográfico, e sim, seguiu com suas crenças pregando o cristianismo a partir do século XIII.
Os mapas eram produzidos por eclesiásticos dedicados a reprodução de obras que davam importância as sedes religiosas como Roma, Jerusalém, Egito, o Éden ou Paraíso Terrestre.
“Porém, a tarefa de guardar e reproduzir referências da Antigüidade Clássica pelo Ocidente cristão e pelos árabes medievais está representada nos mapas de alguma forma. Apesar de nenhum mapa-múndi anterior ao século XI a.C ter sobrevivido, uma outra concepção sobre a forma da Terra e a extensão da área habitável (koumene - ecúmeno) daquela época remota está presente nos mapa-múndi medievais”.
(Trecho do artigo de Márcia Siqueira de Carvalho – O pensamento geográfico medieval e Renascentista no Ciberespaço)
Em várias teorias dos antigos gregos (Homero e Anaximandro) foram na forma da Terra como uma superfície plana cercada por todos os lados pelo “rio Oceano”. Pode-se notar a influencia de criaturas animas e povos estranhos.
Assim como Plínio, Isidoro que incluíram as representações no mundo. A Bíblia foi de total importância, principalmente, as passagens de Gênesis e o Apocalipse, para as representações do mundo medieval que chegavam a misturar as lendas cristãs e pagãs nos mapa-múndi.
A cartografia árabe revolucionou o formato dos mapas. Esses mapas (Ptolomeu) eram mais coerentes e mais completos. Um deles foi de Al-Idrisi, membro da família real, nascido em 1.100 e viajante pela Europa e Norte da África. Em 1.140 foi contratado pelo rei da Sicília. Estes mapas mostram o mundo, e neles observamos a influência de Ptolomeu quanto às fontes do rio Nilo (uma delas nascendo na parte oriental da África e a outra nas montanhas da lua e os seus lagos), mas diferentes daquele, Idrisi não ligou a África à Ásia, mantendo o Oceano Índico.
O que se difere dos “mapas cristãos”: ele não apresenta ilustrações, focaliza geograficamente, ao contrário dos mapas anteriores, não apresenta uma dimensão religiosa. O mapa fora copiado por cartógrafos árabes até o século XVII, quando foi substituído por modelos ocidentais.
Fra Mauro, desenvolveu um estilo peculiar ao mapa mundi de Al-Idrisi, retirou as imagens religiosas e a mitologia pagã. Não encontramos mais os sciapodae (homens de pés enormes), os monoculi (os homens de um olho só) e os cynocephale (homens com cabeça de cachorro) e Jerusalém não é mais o centro do mapa e o paraíso terrestre está fora do mapa, no canto inferior esquerdo. As legendas explicam os povos e as terras e a sua fonte para a Ásia foi Marco Pólo.
A teoria de Dante
A cartografia do universo da Divina Comédia é uma cosmovisão rica e cheia de significados e influências. Como um mapa árabe, o sul no topo, mas Jerusalém esta na extremidade embaixo, como que encerrando o mundo. A divisão entre terras e águas está bem estabelecida: o hemisfério norte concentra as terras onde os continentes: Europa, Ásia e África. Das águas do hemisfério sul emerge somente a ilha Purgatório encima pelo Paraíso Terrestre. O Inferno está na parte mais profunda da Terra (núcleo) e ligado à superfície na cidade de Jerusalém por um eixo vertical. Isto obedece a concepção aristotélico-ptolomaica de uma terra esférica, mas a presença da ilha-montanha transforma-a quase no formato de uma pêra). A Terra está imóvel no centro do Universo, envolvida pelas órbitas da Lua, dos planetas, da estrelas fixas, do primium móbile e o Empíreo (Céu). Cada círculo infernal representa o local de determinados “pecados”, e quanto mais inferior, maior a sua gravidade. Dante se utilizou como alguma liberdade do esquema aristotélico, incluindo situações morais cristãs, além de elementos da Bíblia, da Eneida (Virgilio 70 a.C ? – 19 a.C) e da Metamorfosis (Ovídio 40 a.C – 18 d.C).
Em resumo, se fizéssemos um perfil do hemisfério sul verificamos que a parte mais superficial em direção ao interior, chamada de Ante Purgatório, é o local dos arrependidos. A subida até o topo da montanha é o caminho para o Paraíso Terrestre (que não estava no local tradicionalmente aceito na época – na extremidade do Oeste ou Oriente). A ligação ente o Purgatório e o Inferno é feita por um eixo vertical interno à Terra. Dante criou uma Terra em que detalhou os lugares para cada homem, vivo ou morto, e nesta última situação, de acordo com os seus pecados.
Conclusão
A tomada de Jerusalém foi o ponto alto da carreira de Davi. Pois esta cidade era o lugar ideal para uma nova capital. Sua posição geográfica constituía uma âncora perfeita para uma união das tribos do norte e do sul. Ao transportar a Arca de Deus para Jerusalém, Davi fez desta cidade o coração religioso do país e de seu reino. Através dos séculos, Jerusalém tornou-se o símbolo sagrado de todas as esperanças dos judeus. Jerusalém é a cidade Santa. E o monte em que Deus se manifesta e reside com seu povo.
Bibliografia:
www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?...
www.amisaday.hpg.ig.com.br/fatos/jerusalem.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário